Peça de Teatro (comédia)
DESABAFOS da Morta NÃO Falecida
Autoria de Manuela Passarinho
Velório na morgue da Igreja de S. Patrocínio em Vila Catita. Vela-se animadamente entre discussões, canções e outros que tais, a morta Joaquina Conceição, caçadora e dona de uma espingardaria, segunda pessoa mais influente economicamente da Vila, cunhada do todo-poderoso Zé do Tijolo, empreiteiro magnata. Todos os presentes acodem ao velório por interesse, e para atenuar o transtorno de ali “obrigatoriamente” terem de estar, numa noite gelada e tempestuosa, de inverno rigoroso, transformam progressivamente o velório numa festa. Tudo acontece, desde, ouvirem relato de jogo de futebol, contarem anedotas, cantarem, dançarem, comes e bebes, fecho de negócios, discussões, engates, leitura de revistas masculinas e de imprensa ligeira, jornais desportivos, até ao enfurecimento do espírito da morta que, de espingarda em punho, deambula e desabafa com o público, o que vai presenciando no “arraial” do seu velório. Por vezes insulta um ou outro “conviva” do seu velório, que não a vê e nem a ouve. Furibunda com tamanha indiferença e interesse, a morta cansada e desnorteada dispara em todos os sentidos e mata quase todos os “convivas” que vão para os “anjinhos” ao som da música “Living la Vida Loca”.
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